por Mateus Meireles
Viver é um ato político, especialmente para a população trans e travesti, que é estruturalmente privada de direitos e oportunidades. Mas essas pessoas merecem mais, merecem narrativas desassociadas da violência e precariedade. Tomando aqui emprestado o verso de Linn da Quebrada, elas são dignas de viver, brilhar e arrasar!
E cabe ao restante da sopa de letrinhas LGBTTQIA+, assim como aos aliados, tomar para si as pautas das pessoas T e ajudar na sua defesa. Na macropolítica, há uma tendência para a heterocisnormatização do movimento LGBTTQIA+ baseada na crença de que uma adequação aos padrões heterossexuais e cisgêneros garanta benefícios. Mas sabemos que estes só chegarão à uma parcela pequena do grupo. O babado mesmo é desorientar, desobedecer e desestabilizar o estado das coisas.
Então, bonita, quer saber como você pode ajudar? O primeiro passo é colaborar com ações que garantam uma vida com qualidade para pessoas trans e travestis. Mas você pode ir além e incluir no seu dia a dia o consumo de produtos e conteúdos informativos e artísticos das manas, até porque todo mundo merece um aqué pra pagar aquela cervejinha.
Segue abaixo uma lista com 9 artistas T do Brasil para que você acompanhe, escute, apoie e deixe o seu like.
1- Luh Mazza
Luh é autora de mais de dez peças teatrais, com textos publicados em países da Europa e da África. Foi a primeira mulher trans convidada pelo Theatro Municipal de São Paulo para criar uma obra. O resultado dessa parceria foi a peça “Transtopia”, que narra a vida de mulheres trans e travestis num campo de concentração em que a violência está institucionalizada. A autora foi uma das roteiristas da série “Sessão de Terapia”. Entre seus outros trabalhos estão as peças “Três T3mpos”, “Restos”, “A Memória dos Meninos” e “Carne Viva”.
@luhmaza
2 – Tom Grito
Tom é poeta e se dedica à vertente falada, conhecida como spoken word ou slam. É produtor na cena cultural carioca e fundou o Slam das Minas RJ. Acredita no poder da palavra e nas micro revoluções político-sociais em que a poesia incinera, afaga, afeta e transforma.
@tomgritopoeta
3 – Jup do Bairro
Jup é multiartista, performer, rapper, backing vocal de Linn da Quebrada, com a qual também divide a apresentação do programa TransMissão, no Canal Brasil. Desde 2007, encontrou nas artes a possibilidade de externar suas vivências, sempre colocando em pauta narrativas que atravessam seu corpo, de travesti, preta, gorda e periférica. Lançou no dia 15 de maio a canção “All You Need Is Love”, parceria com Linn da Quebrada e Rico Dalasam. A música é a primeira parte oficial do registro Corpo Sem Juízo.
@jupdobairro
4 – Paulo Bevilacqua
Paulo é designer de produto e artista plástico. Os temas de seus trabalhos transitam entre a loucura, ruínas, degradações urbanas, diversidades corporais e os rostos que cruzam seu cotidiano. Para contar essas histórias, recorre ao carvão, gravura em metal, óleo, técnicas aguadas e digitais.
@_paulobevilacqua
https://www.paulobevilacqua.com/bio
5 – Aisha Brunno
Aisha é atriz, performer de relações, abolicionista contemporânea, anti-racismo, anti-opressão. Estreou em 2019 o seu primeiro solo “Protótipo Para Cavalo: Corra, Aisha, Corra!”. O espetáculo, que reúne teatro, poesia e música, é uma sequência de performances que partem de um olhar crítico sobre a educação e suas múltiplas ressonâncias nos corpos e vidas, revelando efeitos e contradições.
@aishabrunno
6 – Titi Rivotril
Titi é cantora, compositora, atriz, empresária e estilista. Lançou a sua primeira música e videoclipe, “Dentista Sedutor”, em 2017. De lá pra cá, lançou o EP “Pop Conceito”, com produção da Caramelo 47 (Dedé Santaklaus e Diogo Hendrix). Seu atual single de trabalho é Mortal Kombat, disponível no Youtube e plataformas digitais.
@titirivotril
7 – Julian Santos
Julian se define como artivista transexual. Compõe, canta e desenvolve trabalhos de direção em arte e mídia. Sua música mais recente é Corpo VS Mente (TRANSREVOLUÇÃO).
@juliansamsantos
8 – Rosa Luz
Rosa é cantora, compositora, artista visual e ativista da visibilidade LGBTTQIA+. Nas suas letras ferinas e diretas questiona o status quo de uma sociedade heteronormativa, elitista e racista. Como fotógrafa, tenta romper com os paradigmas impostos, alargando os limites entre o autorretrato e a ficção. Em 2018, foi capa da Revista Select com a fotografia “E se a arte fosse Travesti?”.
9 – Academia Transliterária
Por último, mas não menos importante, fica a indicação de um coletivo que por si só daria outra lista. A Academia Transliterária reúne artistas T e cisgêneros próximos à pauta. Sua investigação busca estratégias, estéticas e linguagens artísticas para difusão e protagonismo da arte/cultura T e periférica.
A iniciativa foi pioneira em Belo Horizonte e reúne linguagens como as artes visuais, artes plásticas, teatro, performance, música, escrita, audiovisual, produção cultural e pesquisa. Desse encontro, surgem ações performáticas, artísticas e literárias.
@academiatransliteraria
https://academiatransliteraria.wordpress.com/sobre/
Essa foi a primeira seleção de artistas trans e travestis do Brasil para ficar de olho. Quais nomes ficaram de fora e precisam ser conhecidos por mais pessoas?
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Mateus Meireles
É jornalista e mestrando em Comunicação Social pela Universidade Federal de Ouro Preto. Sua pesquisa perpassa a produção de discursos e ideologias e representação dos LGBTTQIA+ na mídia.